segunda-feira, 4 de junho de 2018

o Sol, a ausência dele e os seus pequenos milagres



  O humor do S.Pedro é tão refinado, que bastou instalarmos o sistema de rega para ele nos "mudar" a estação do ano. 😁
 Ora, se no ano passado por esta data já o calor apertava, os mirtilos amadureciam em "contra-relógio" e a apanha já decorria em grande azáfama, este ano a chuva e o frio estão a atrasar e a estragar o fruto. Precisamos sofregamente de sol quentinho! Os amantes de mirtilos já começam a ficar impacientes! 😊
 O sol para além de maturar os frutos, faz outros "milagres" e por isso aguardamos por ele também para nos fazer crescer as plantas.
 Apesar do tempo não estar a ajudar, já são visíveis as transformações que as plantas queimadas foram sofrendo desde o dia fatídico. Infelizmente algumas sucumbiram à força das chamas, outras vão-se reerguendo. Lutando conforme podem, da maneira que podem, como também aqui já falei em relação às macieiras (recordem o post aqui). Mas desta vez quero mostrar-vos os mirtilos.
 A primeira foto mostra o estado em que ficaram as plantas dias após a passagem das chamas. Já a segunda, 1 mês após o incêndio, mostra o terreno depois de cortadas as árvores e do terreno limpo. A última já mostra o resultado final, com a colocação da tela no solo. E foi assim que as plantas aguardaram pela primavera.

       
... E ela chegou. Ainda que tardiamente. E fez milagres! As plantas, na sua maioria, rebentaram e estão a crescer.  Há coisas fantásticas, não há? 😉


 Agora é dar tempo ao tempo. E que o tempo nos traga sol! 😊 


quarta-feira, 23 de maio de 2018

Hora de ligar a Rega!


O calor chegou. E veio em força! Urge assim, a necessidade de adotar algumas medidas. Os terrenos começam a ficar secos e a planta em crescimento pede alimento. Está na hora de ligar a "Rega"!
 O incêndio de Outubro levou quase todo o sistema de rega. Toda a área será alvo de remodelação profunda e quase toda a extensão de tubo vai ser substituída. Foi esta tarefa que iniciámos na semana passada.
  Começámos pelos mirtilos. Depois de substituída toda a extensão de tela (trabalho que já foi feito há uns meses), era necessário passar e esticar o tubo gotejador por baixo dela a todo o comprimento.



 










Seguiram-se os kiwis. Um trabalho bem mais rápido e fácil. O solo está descoberto, não existe tela de contenção, logo, é só esticar o tubo e perfurar.







Espreite o processo de perfuração aqui.
Está quase tudo pronto!
Em breve, novo post com o resultado final e o crescimento das plantas queimadas!
Até lá! 😏





sábado, 5 de maio de 2018

A surpreendente força da Natureza




   A visita à Quinta desta semana pode resumir-se numa palavra: surpreendente!
   E sim, estas duas imagens de macieiras foram registadas nesta visita, no mesmo terreno, no mesmo dia e à mesma hora.
  Desde os incêndios que temos acompanhado com receio, ansiedade e alguma expectativa a transformação - ou ausência dela - por que as árvores queimadas têm passado. O inverno foi longo, o frio persistente e a primavera chegou tímida e por isso, só agora podemos começar a ter percepção de que danos realmente sofreram as árvores.
  As macieiras que escaparam à fúria das chamas estão verdinhas e uma parte delas, até floriu, ainda que de forma escassa.



  São várias as filas em que encontramos imagens como esta. Lado a lado, uma está completamente despida, outra coberta de flores e folhas.
  As árvores despidas estão negras, fazendo contraste com o verde das ervas oportunistas. Olhando para os 2 troncos, parece não haver esperança no do lado direito...

















  Estes ramos queimados, a estalar e aparentemente secos apresentam uma espécie de descamação. Como se estivessem a morrer aos poucos... Ao observarmos este cenário aumenta o receio. Parece estar tudo perdido... Avançamos, e o caso muda de figura.O que encontramos é realmente surpreendente!

  De um lado, um ramo chacinado pelo fogo e com sequelas profundas, de outro, um pequeno rebento de folhas que parece emergido da morte.
  Mas... uma árvore nunca morre! E aí estão elas. Firmes, em pé e agarradas à terra com a mesma força com que se apresentavam antes do incêndio, parecendo travar uma árdua luta pela sobrevivência! Será que este processo é afinal uma "amostra" de vida e não de morte?
 À semelhança do que acontece com a pele humana, parece estar a ocorrer um processo de regeneração, onde as células mortas dão lugar a um novo tecido.
  Continuamos a percorrer o pomar e cada vez a nossa estupefacção foi aumentando.



Como é possível? É a dúvida que nos assalta. A Natureza é realmente impressionante. E não nos convençamos do contrário, porque não há maior força do que a dela.




 Que o ciclo se complete. Que a resposta seja proporcional à investida sofrida. E que a Natureza reage com tanta força como a que foi atingida.
  E é com esta imagem improvável que terminamos a visita à Quinta. Uma imagem de força e esperança!😊









quarta-feira, 18 de abril de 2018

Será que é desta, Primavera?


 Hoje é quarta-feira, a primeira que a Primavera trouxe com sol. Finalmente conseguimos ir à quinta sem escorregar na lama! 😃
 As podas já lá vão. É altura de começarem as grandes transformações nas plantas. As flores mais atrevidas lá foram crescendo e desabrochando a medo, entre o frio e a chuva persistentes. As mais inseguras só agora começam a aparecer. Começa assim o quadro a compôr-se.
 No ano passado, por esta altura já a floração atingira o seu auge. O tempo tinha estado anormalmente quente e seco e a Natureza progrediu precocemente. O Março tinha sido quente, ainda que com picos de frio fora da época, o que trouxe uma significativa perda de produção. Já o Abril trouxe a primeira tragédia do ano - uma queda intensa de granizo, que nos levou mais de 40% da produção. Era o primeiro balde de água fria do ano e faz amanhã (19 de Abril, reveja aqui: Granizo.17 ) precisamente um ano.
 Este ano esperamos que o S.Pedro e os Astros estejam de bem connosco, e que tudo vá decorrendo com a devida normalidade. Para já, ainda não conseguimos perceber o estado real das árvores queimadas, mas a continuar o tempo assim, estará para breve. Será altura de decisões e muito trabalho! Até lá, focamo-nos nas coisas boas que por cá já vão acontecendo.
 As nossas amigas polinizadoras já andam atarefadas. De flor em flor procuram o seu melhor "posto de trabalho" e nós gostamos tanto de as ver trabalhar! 😊 Despedimo-nos com as melhores imagens de hoje.







quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Depois do negro, que venha o verde...

(Continuação...)

O tempo vai passando, vai trazendo o distanciamento necessário para apaziguar as feridas da alma...e da Natureza. Já não é tudo tão negro. Já conseguimos ver o "copo meio cheio" por baixo da metade vazia. Não foi fácil, mas a vida é mesmo assim, e saber ver para além do lado negro é o grande desafio que nos é imposto.
Durante muito tempo, sempre que olhava em redor, nada mais via que o negro: o negro da terra, o negro das árvores, o negro da vida... Nada havia para além do preto. Foi preciso muitos dias volvidos para ver o verde, para perceber que ainda havia esperança.
Naquele dia cumpria mais uma vez a minha rotina. Saía de casa tentando ignorar a paisagem triste que se instalou na noite fatídica e, tentando conter as emoções que aquele cenário me despertava, quando algo me chamou a atenção. Ela estava ali. Desde sempre. Mesmo à minha frente. Mas nunca antes tinha reparado nela. Também ela não escapou, mas não foi totalmente atingida. Ainda exibe algum do seu verde, como que a mostrar-nos que nem tudo está perdido. Não passa de uma árvore, mas foi o suficiente para dar aquele "click" que faltava.



... A vida continuou. E havia tanto para fazer! O problema era saber por onde começar.
Finalmente chegava alguma resposta.  Vieram os técnicos, também sem saber ao que vinham e o que iam encontrar, mas ainda assim, não deixaram de vir mediante nosso pedido.
    Infelizmente não havia respostas. Um cenário como o que encontraram não se prevê, não se aprende a resolver nos bancos da universidade. Recolheram amostras, fotografaram e demonstraram a sua solidariedade. Encorajaram a não desistir, mas não havia nada a fazer. Só a primavera trará as respostas.
     Não nos acrescentaram nada, mas aumentaram-nos a força. Reconheceram o (bom) trabalho de anos que ali fora perdido. Estávamos em novembro... a primavera ainda vinha longe! Não podíamos simplesmente cruzar os braços e esperar. Fizemos contactos, partilhamos/ouvimos experiências idênticas e pusemos "mãos à obra".
     Retiramos as contenções do solo e os sistemas de rega e limpamos as propriedades. Às macieiras e às pereiras, pouco mais havia a fazer. Mas aos mirtilos não esperamos. Todos os afetados foram podados, ou melhor cortados, ficando apenas com o pé com uma altura aproximada de 10 cm.
É um forçar a planta a retroceder 4/5 anos e esperar que vingue, que cresça com força e mantenha a qualidade que até então tinha.
     Foram trabalhos muito complicados, mas concretizaram-se.






Ver tudo limpo, tudo despido...fez tremer o coração... Parecia um autêntico cemitério.




A partir daqui é uma luta diária. Repor aquilo que se perdeu e tratar daquilo que restou.
A primavera aproxima-se... e aguardamos impacientemente. Vai pôr a nu tudo aquilo que o negro encobre. Que traga o verde e que nos acimente a esperança...